terça-feira, 18 de junho de 2013





Autoritarismo Travestido
Não é por acaso que esta postagem não tem fotos. Eu não estou participando das manifestações por estar convalescendo de uma fratura no punho. Considerando que as manifestações são pacíficas, qual o impedimento? O impedimento está no fato do Estado brasileiro se comportar da mesma maneira, no que se refere a qualquer tipo de manifestação popular, contestatória, desde a época do império.
As primeiras manifestações populares contra o aumento de passagem de transporte coletivo, que se têm notícias, ocorreram entre dezembro de 1879 e janeiro de 1880. Essas manifestações contra o aumento da passagem do bonde em um vintém ficaram conhecidas como Motim do Vintém. O Estado, monárquico à época, respondeu com violência colocando 600 homens do exército para diluir as manifestações, em uma cidade de população inferior a 500 mil habitantes[i].
No sentido de repressão às manifestações populares, o que mudou em mais de um século? A tecnologia que a polícia possui para diluir este tipo de manifestação. Hoje a polícia tem um vasto arsenal de armas “não letais”, spray de pimenta, taser, bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio e as famigeradas armas de bala de borracha. Mudaram-se os conceitos: hoje somos um país presidencialista e democrático. Mas as práticas e a maneira de lidar com os trabalhadores e estudantes continuam retrógradas e conservadoras. Quando se vota em alguém; quero deixar bem claro que não votei em Eduardo Paes e Sérgio Cabral, pressupõe-se que o político eleito está lá para defender nossos interesses, leda ilusão.
No século XXI eles assumem cargos eletivos para defender os interesses daqueles que patrocinaram suas campanhas e viabilizaram sua eleição. Todos nós sabemos a relação de promiscuidade que existe entre políticos e empresários de transporte rodoviário.
Pacificamente e pelos meios formais, os moradores das comunidades do Batan e Fumacê, há quase dois anos, vêm tentando que a Viação Bangu e Andorinha cumpram o contrato de concessão com a prefeitura sem lograr êxito. Como já foi explicitado, neste mesmo espaço, na postagem “Imobilidade Urbana”, nada foi feito. A Secretaria Municipal de Transportes Urbanos nos recebeu e o encontrou não redundou em nenhuma solução para as nossas reivindicações. Segundo eles a única maneira de punição são as multas, que são irrisórias. Não foi, em momento algum, colocada a possibilidade de rescisão do contrato de concessão. A prefeitura não tem mecanismos de garantir o cumprimento dos contratos. Por que será que nada é feito para mudar este estado de coisas? Minha família teme pela minha integridade física quando torno público este tipo de posicionamento. Por que será?
Como devemos agir quando nossas reivindicações legítimas não são atendidas? Vivemos em um Estado de direito? Faça-me rir, há mais de oito anos os servidores da UERJ não têm reposição salarial. Chega de silêncio e subordinação, vamos fazer valer a tão propalada democracia e obrigar os dois projetos de monarquistas absolutistas a atender às necessidades do POVO.





[i] Graham, Sandra Lauderdale, O Motim do Vintém e a Cultura Política no Rio de Janeiro 1880, in Revista Brasileira de História, v.10 n° 20, pp 211-232, 1991. São Paulo.




 
 

Um comentário:

  1. Excelente, Armando. Os meios pacíficos e formais de resolução de problemas é francamente ineficiente. Nós precisamos nos manifestar contra essa falta de seriedade dos nossos gestores! Mesmo com as dificuldades de mobilizar um grupo tão heterogêneo, essa tem que ser a bandeira principal, a reforma política e uma nova visão de sociedade e Estado! Vamos juntos ajudar a construir as mudanças!
    Abraço

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