O Funk em Nosso DNA
As comunidades do Batan e Fumacê viveram um final de semana culturalmente atípico. Estas comunidades pacificadas têm uma carência muito grande de atividades e espaços culturais. Entretanto, no último sábado (20/04), fomos agraciados com dois eventos de dança que privilegiaram a batalha do passinho – consequentemente o funk – como expressão cultural.
O
primeiro evento foi o DNA Carioca – 1°
Seminário de Danças Urbanas - que produzirá atividades culturais sobre
dança urbana até o dia 28 de abril em diferentes locais da cidade, além da
Escola Municipal Costa do Marfim no Batan. O evento foi das 10h às 17h e teve
apresentação dos grupos Jovens de Periferia Juvenil e Gambazinhos do Batan;
eliminatórias do passinho; palestra com o tema “Histórias de encontro com o
passinho” e o debate sobre o “Funk e seus 40 anos no Rio”. Os próximos
encontros serão do dia 24 a 27/04 na Sala Eletrobrás e 28/04 na Fundição
Progresso.
Foto Renata Brum
O
segundo e mais badalado evento foi a etapa Batan/Fumacê, da Batalha do Passinho, que aconteceu no
CIEP Thomas Jefferson, que fica à beira da Av. Brasil, entre as duas
comunidades que formam o território da UPP Batan/Fumacê. A BXP foi um sucesso
de público reunindo os moradores das duas comunidades em um único espaço e de
modo fraternal. Foi a batalha da paz, pois historicamente essas duas favelas
tinham uma rivalidade que extrapolava a questão de facções criminosas, gerando
conflito entre moradores que nem pertenciam ao tráfico de drogas. Foi um
importante passo para a integração entre estes moradores e gratificante, para
mim, morador nascido e criado no Batan, ver tal união.
O
mais surpreendente é ver o funk como o elo de comunhão, e não mais como símbolo
de expressão cultural violenta. E isto é fundamental para o retorno dos bailes
que foram banidos das comunidades ditas pacificadas. Existe uma resistência
muito grande das autoridades policiais e da segurança pública como um todo em
autorizar estes bailes. Admito que o funk não seja meu estilo musical favorito,
mas isto não pode me impedir de legitimar este como uma expressão cultural que
mobiliza a juventude não só da periferia. Penso que o desafio da “pacificação”
está além de expulsar facções criminosas desses territórios e permitir a
entrada do Estado e seus serviços. É preciso garantir o acesso à cultura nas
suas mais diversas expressões artísticas, incluído aí o funk.
Está na hora dos bailes
voltarem e cabe aos especialistas em segurança pública garantirem a integridade
física dos frequentadores. Gostem ou não o funk é cultura e é um fato. Nossos
jovens merecem ter direito a lazer e cultura. Quando algo pode gerar problemas
o mais simples é proibir, mas neste caso precisamos encontrar mecanismos para
garantir viva esta expressão cultural já tão discriminada por nossa sociedade.
A questão é: existe vontade política em dar acesso aos jovens aos meios
culturais existentes? Ou o interesse é apenas manter a "ordem". Este
governo tem dado mostras que é mais eficiente em reprimir do que libertar.
Educação e cultura libertam!
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